Chegar ao ensino superior é ainda o maior objeto de desejo dos jovens em todo o mundo. A grande questão que se coloca é: de que universidade esses jovens precisam? De uma universidade tradicional, estruturada em blocos rígidos de disciplinas que produzem conhecimentos para uma determinada profissão, ou de uma universidade que promova o seu desenvolvimento pleno para a vida?
Parece-nos que a primeira ainda é o modelo vigente na maioria das instituições de ensino superior. Algumas até procuram fazer um certo esforço para ampliar a flexibilidade curricular, permitindo que o aluno curse um certo número de disciplinas eletivas – de livre escolha. Mas isso nos parece absolutamente insuficiente para o mundo do trabalho 4.0. Estamos diante de mudanças profundas nesse novo ambiente do trabalho.
Um estudo da consultoria global McKinsey & Company sobre o futuro do trabalho revela que mais de 30% das atividades de seis em cada dez trabalhos podem ser automatizadas. Num cenário mais modesto, até 2030 isso poderá impactar a atividade laboral de 400 milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, a estimativa é que o efeito da automação atinja cerca de 16 milhões de brasileiros!
Isso significa dizer que a educação em todos os seus níveis de formação, do ensino básico ao superior, passando pela educação continuada, precisa oferecer um novo ambiente de aprendizagem capaz de preparar os jovens para o mundo do trabalho 4.0, que exige pessoas plenamente desenvolvidas ao longo de todo o seu percurso de vida. O diploma de nível superior ainda é importante; no entanto, o que se procura hoje são pessoas preparadas para enfrentar o dinamismo desse novo ambiente laboral.
No que se refere à educação básica, esse panorama se reflete na própria estruturação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), baseada em dez competências, mostradas de forma simplificada na tabela abaixo:
A implementação da BNCC, relativa à educação infantil e ao ensino fundamental, já começa a ocorrer nas redes estaduais e municipais de ensino. Porém, é importante que a universidade também repense o seu modelo tradicional de ensino e de estrutura curricular, não só para se articular melhor com a educação básica, mas também na perspectiva de continuar a ser o maior objeto de desejo dos jovens.