As incorporadoras viram-se às voltas com diversos anúncios de mudanças em regras e programas que podem mexer profundamente com seus negócios. Os dois principais alvos foram o programa Minha Casa, Minha Vida, e o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). Confira, abaixo, as conclusões de banco de investimentos:
A – Mudanças nas regras do FGTS:
Três alterações propostas pela Medida Provisória 889, aprovada pela Câmara e encaminhada para o Senado, teriam grande repercussão no Minha Casa, Minha Vida: o aumento do saque único de contas de R$ 500 para R$ 998; o fim da multa de 10% sobre demissões sem justa causa e a redução dos subsídios para crédito a famílias de baixa renda.
A retirada da multa do FGTS causará um impacto no total de recursos disponíveis para o crédito imobiliário; e o corte dos subsídios restringirá o acesso de famílias de baixa renda ao Minha Casa, Minha Vida. Contudo, os bancos apostam que as turbulências ocorrerão apenas no curto prazo. Passada a fase de adaptação.
B – Problemas na liberação dos recursos do Minha Casa, Minha Vida:
As incorporadoras e os clientes reclamaram de dificuldades para obter o dinheiro. O governo afirma que está resolvendo a situação. Trata-se de um problema passageiro, que não compromete a atratividade dos papéis das companhias. Passado o susto de curto prazo, os bancos acreditam que elas continuarão interessantes, do ponto de vista de valuation.
C – Corte na taxa de financiamento imobiliário:
Após a última queda da Selic, três bancos reduziram suas taxas para a venda de imóveis. O custo total do financiamento pode cair entre 8% e 9% para cada corte de 100 pontos-base nas taxas de crédito. Isso pode, efetivamente, contribuir para a aceleração das vendas e para a recuperação dos valores dos imóveis, que ainda estão 25% abaixo da média histórica.
D – Forte aumento no crédito imobiliário:
A Abecip, que representa as instituições de financiamento de imóveis, informou que as operações cresceram 38% em setembro, em relação a um ano antes. Os bancos esperam que uma recuperação mais intensa do mercado imobiliário em 2020, sustentada pelo barateamento do crédito e pela maior oferta de recursos.
E – Aumento do número de licenças para construção:
Apenas no terceiro trimestre de 2019 a cidade de São Paulo concedeu 59 licenças de construção, o que representa novos empreendimentos. A tendência é de aceleração dos lançamentos, à medida que as condições de mercado melhorarem.