O ponto de partida básico para a reflexão é o entendimento da relação Educação e Trabalho, onde o homem é entendido como ser que se constrói na relação consigo mesmo as sociedades do passado. A partir dessa perspectiva é possível apontar implicações que perpassam o processo ensino-aprendizagem.
Já é senso comum que neste último quarto de século se vive em toda a parte profundas mutações no mundo do trabalho e que estas mutações estão na base das reformas educacionais que estão sendo empreendidas em quase todos os países do planeta.
Alguns pontos parecem convergir no atual debate internacional acerca da educação. A título de ilustração, destacamos o entendimento de que estariam existindo condições favoráveis, no momento presente, para se estabelecer novas alianças em torno de estratégias educativas.
Os documentos em que se manifestam a demanda e a proposta de políticas educacionais expressam com clareza que a nova educação, para produzir um novo trabalhador, deve atuar no sentido de desenvolver nele competências para além do que fazia até hoje. Deve a nova educação ocupar-se das habilidades cognitivas e sociais. Deve promover de forma sistemática o domínio dos códigos pelos quais circula a informação; a capacidade para processar a informação, interpretar, para resolver problemas, trabalhar em equipe, expressar demandas.
No contexto desta revolução técnico-científica e industrial e das reformas educacionais, entre proposições de ideal democratizante do tipo de educação, há espaço para a crença e a efetivação de processos alternativos de transformação no campo educacional no momento em curso.
A educação, inclusive, é entendida como uma mercadoria a ser adquirida pelos consumidores segundo as regras da livre iniciativa e concorrência. Por sua vez, o cidadão deixa de ser senhor de direitos e deveres instituídos no e pelo Estado para se transformar em consumidor.
E, finalmente, educar na perspectiva da democracia integral implica, em primeiro lugar, um conceito novo de democracia que vai para além da democracia formal dos direitos e deveres individuais. Implica a participação efetiva de todos os cidadãos – individuais e coletivos – na construção de si próprios, da sociedade e do Estado. Educação, nessa perspectiva, deve oportunizar alternativas e caminhos a todos, para que possam ser, todos e cada um, dirigentes.